domingo, 15 de dezembro de 2013

domingo, 10 de novembro de 2013

Qualquer dia desses nos reencontramos...


Geralmente aos domingos sempre aparecem algumas pessoas perguntando o motivo de ter sumido, de não estar postando e sobre minha volta aos blogs. A resposta é: não sei...

Acho que tudo na vida tem um princípio meio e fim. É assim com nossa vida na Terra, com os programas de televisão, com as colunas de jornais, com os seriados, com as carreiras profissionais, enfim tudo. Não conheço nada que seja para sempre, até a mãe natureza está em eterna transformação com seus ciclos de morte e renascimento. Por que seria diferente com os blogs? Por que seria diferente comigo? Por que seria diferente com esse blog?

Não curto palavras definitivas, como para sempre, jamais, bem como não gosto de dizer adeus. Acho que essas palavras carregam o peso do infinito e tudo tem um fim nessa vida, até as decisões que tomamos. Mas a verdade é que não me sinto mais ligada aos blogs. Na verdade ando em busca do que realmente me dá tesão. Vim falando ao longo desses últimos meses de um esfriamento das minhas emoções e vontades, muito ligado a uma atual fase de vida que estou passando. Acho realmente que preciso me redescobrir, aprender novas maneira de sentir paixão, sentimento que praticamente desapareceu da minha vida e gostaria muito que voltasse. Mas certamente não tenho encontrado isso aqui no blog. Andei pensando muito sobre esse espaço desde meu post anterior e cheguei a conclusão que nos últimos tempos tenho escrito meio que no automático,  sem a emoção que tinha lá no início. Enfim, pode ser que tenha chegado o momento de passar para uma nova etapa. Não sei dizer ao certo, prefiro deixar em aberto.

Aliado a isso, me sinto incomodada com o que a internet se tornou de uns poucos anos para cá. Um desfile de egos inflados, ou uma busca desesperada das pessoas para aplacarem suas carências. Um desejo incontrolável que tudo seu seja curtido em redes sociais, comentado. No geral,  parecem estar buscando na internet todo o amor e atenção que lhes faltam na vida cotidiana. E me sentir fazendo parte disso me faz mal. Talvez venha sentido que as pessoas estão focando em serem amadas e esquecem de amar, querem ser admiradas mas não admiram o outro, querem ter seu valor reconhecido, mas não enxergam o que o outro está fazendo de bom. E sinceramente me incomoda demais participar disso, talvez daí venha esse meu movimento de recolhimento, não só por isso, mas também por isso.

Só sei mesmo é que esse blog estará fechado por tempo indeterminado. Se em algum dia desses sentir vontade de voltar a escrever, voltarei. 

Agradeço a todos! Estarei nos blogs amigos, com uma frequência menor do que a habitual. E a vida segue, porque absolutamente ninguém nessa vida é indispensável ou insubstituível. Beijocas a todos.

domingo, 29 de setembro de 2013

Posts nossos de todos os dias...



Eu sempre me interessei mais por posts em que a pessoa abre a alma e o coração sem medo de parecer fraca e ridícula. São poucos os blogueiros que tem essa característica de escrita, mas conheço alguns bons nisso. No entanto o que mais percebemos nos blogs é o que permeia as redes sociais, talvez menos um pouco nos blogs, mas acontece bastante também. Uma tendência a exaltar a felicidade. Vivemos numa sociedade de felizes. Já repararam que todos estão sempre muito engraçados, muitos apaixonados, se divertindo muito e  envolvidos em grandes causas? Onde estão as pessoas insatisfeitas? Onde estão as pessoas que estão batalhando por dias  melhores? Às vezes, ou quase sempre, tudo me soa muito falso, muito estilo "vitrine".

Não, eu não estou dizendo que não ajo assim. Todos nós somos influenciados por essa onda feliz que assola a nossa sociedade. Precisamos o tempo todo estarmos bem para sermos aceitos (foda-se a aceitação!!).  Volta e meia me pego deixando de fazer um post triste por receio daquilo não ser entendido, ou não ser bem recebido, ou não ser admirado, sei lá. Sim, somos tolos e meio carentes, todos nós que nos expomos, seja em blogs ou seja onde for. Buscamos a resposta do outro de alguma maneira, e nunca esperamos uma resposta ruim. Todos nós, ultimamente, vivemos com medo de nos mostrarmos carentes, desanimados, com vontade de desistir. Desistir é uma palavra que não cabe na nossa sociedade atual. Só existe tentar, tentar e tentar, mesmo que não se veja chance o importante é nunca desistir.

Claro que não estou fazendo apologia ao derrotismo!! Não acho que a gente deva alimentar pensamentos negativos, só acho que não devemos nos envergonhar deles e escondê-los a sete chaves, como se as outras pessoas todas tivessem vidas fantásticas e só a sua fosse uma merda. Sim, tem momentos de ser rir das próprias desgraças, momentos de enfrentá-las e tentar mudá-las e momentos de sentar e chorar simplesmente. Que mal há nisso? Sim, parece que há muito mal nisso, afinal não dá ibope, não rende nas redes sociais. E se tu fizer um post triste vem logo a turma do deixa disso.

Como disse acima, sempre vou admirar um texto sincero, talvez não admire um texto derrotista, nem um otimista em excesso, mas quando percebo que ali tem uma pessoa dizendo o que pensa de verdade e não se colocando numa vitrine de felicidade, ou num muro de lamentações, certamente terá o meu maior respeito.

De 2010 para cá, mais especificamente após a mal sucedida cirurgia da minha voz, percebi que fui me modificando muito, modificando meu jeito de lidar com as pessoas e essa modificação me trouxe perdas, umas importantes, outras nem tanto. Costumo dizer que quem me conheceu a partir de 2010 conheceu uma pessoa diferente do que sempre fui. Não gosto disso e estou procurando caminhos novos, soluções para que  consiga retomar a pessoa que era e que gostava, já que nunca me acomodo em situações desconfortáveis. É certo que nesse período cresci como ser humano, certos sofrimentos nos fazem ver outros lados e outras possibilidades que antes a gente estava meio cego. Mas mesmo assim, mesmo com ganhos, acho que minhas perdas foram maiores e costumo enfrentar tudo sempre muito de frente, sem ficar maquiando as coisas para mim mesma.

E para finalizar esse texto, etapa e tudo mais, dizem que quando os animais vão morrer eles se escondem. Não sei muito bem se isso procede, mas aconteceu com um cachorro que tinha. Talvez  traga isso dos animais, não que eu vá morrer... rs... mas se não me sinto bem me recolho num canto. Não sei se essa é a melhor saída, mas certamente é a que me traz resultados. Fico mais para a lagarta que entra no casulo com a finalidade da metamorfose, mesmo que nem todas as lagartas virem borboletas... rs.

domingo, 22 de setembro de 2013

Bissexualidade...



Não é novidade para muita gente que eu gostaria de ser bissexual. No entanto, sei que isso vai ser difícil, pois já tentei transar com mulheres antes e depois da mudança do meu corpo e não rolou tesão da minha parte. Não foi de todo ruim, mas não posso dizer que foram relações sexuais satisfatórias. Gosto do beijo feminino, mas nunca me encantei por uma mulher a ponto de querer namorar ou algo semelhante. Mas é algo que gosto de deixar em aberto. Detesto me sentir fechando questão, gosto de poder mudar de opinião quando um novo caminho ou pensamento me parece melhor. E em relação a sexualidade funciona do mesmo jeito.

Fico imaginando que deve ser muito bom ser bissexual, posso até estar fantasiando a coisa. Imagina a gente se cansar de todas as manias de um sexo e simplesmente querer descansar de ter relações com ele e pular para o outro sexo? Deve ser bom, gente! Claro que estou colocando a coisa de uma forma muito simplista, que cada bissexual deve sentir de um jeito, ter mais preferência por um dos sexos. Mas, no geral, ele joga com mais com mais possibilidades de relacionamento.

Dia desses conversando com amigo no Skype, numa conversa bem reveladora, por isso não coloco o nome dele aqui... rs... conversávamos sobre isso; e num determinado momento disse a ele que acreditava mais quando uma mulher me diz que é bissexual do que quando é um homem. Acho que a mulher se sente mais livre para experimentar uma outra mulher, sem que isso vá ferir sua moral e princípios como acontece com os homens. Creio que para os homens isso se processa de uma forma muito mais pesada, com mais culpas, mais posicionamentos sociais complicados. O homem quando experimenta uma relação homossexual conscientemente, isso já foi muito pensado, já teve que pular mil barreiras internas, vencer o seu machismo, e a tortura do que os outros vão pensar. Então quando vai, certamente é porque tem a convicção íntima de que prefere os homens mesmo. Por isso não é incomum, ver homens que tinham uma vida hétero, num determinado momento ultrapassar a barreira da homossexualidade e simplesmente não voltar a ter relações com mulheres. Podemos dizer que esse homem é bissexual? Prefiro acreditar que num determinado momento assumiu para si mesmo sua homossexualidade e parou de se enganar.

Nessa linha de raciocínio vejo muitos homens se dizendo bissexual. Mas o fato de conseguir ter relação com uma mulher, não significa ser bissexuais. Acho que ser bissexual é realmente estar aberto para ter um relacionamento com pessoas, independente de sexo.  Mas é claro que existem homens verdadeiramente bissexuais, só que, definitivamente, não são todos esses que se dizem ser. Para o homem, dizer que é bissexual é como estar num patamar superior, é como se fosse "menos grave" do que ser homossexual, segundo o olhar machista da sociedade. É como se tivesse afirmando que existe um lado macho dentro dele, que nem tudo está perdido, que tem como fazer o caminho de volta, algo nesse sentido. 

Já com as mulheres é um tanto diferente. Claro que as mulheres tem travas para se relacionar com outras, não vou dizer que é fácil e tal. Mas me parece que se a mulher sentir algo por outra, creio que tenha mais facilidade de ultrapassar suas barreiras internas e sociais. Pode ser que esteja enganada, dizendo uma grande besteira, mas parece que a mulher se permite mais experimentar outra mulher, gostar disso e mais tarde voltar a se relacionar com homens. Sem contar que a sexualidade da mulher é diferente, envolve um todo, geralmente não se resume ao ato sexual em si. A bissexualidade da mulher tem mais leveza, os homens até incentivam,  já que está ligada ao velho fetiche masculino de transar com duas mulheres.

Eu me dou melhor com os homens bissexuais. Parece que tendem a ser menos machistas, mais mente aberta, mais bem preparados para uma relação com uma mulher diferente. Tive alguns parceiros bissexuais com preferência para mulheres e certamente foram melhores do que os héteros em termos de mentalidade. Tenho um jeito muito peculiar de enxergar a sociedade, e os homens bissexuais que conheci tinham esse jeito, não sei se todos são assim, só falo pelos que conheci. Com isso não estou afirmando que as transexuais preferem os bissexuais, comigo é assim.

Concluindo, acho que tudo se resume no quanto você está aberto para os dois sexos. Tanto mais bissexual você será, quanto mais aberto estiver para se relacionar com pessoas dos dois sexo.

domingo, 15 de setembro de 2013

Não faço parte de...



Um dos temas do Saia Justa da semana que passou foi sobre inadequação. E sempre tiro alguns dos meus posts de programas que assisto ou textos que leio. Não creio que a palavra inadequação seja mais apropriada para definir o que sinto, acho que inadaptação tem mais a ver. Sempre me senti não pertencendo a grupo nenhum, mesmo que alguma característica em mim me colocasse dentro de algum grupo, mas, no meu íntimo e na vida, sempre fui um bicho solitário em essência.

Acho que muita gente se sente assim, meio que fora do contexto geral, mas muitas outras se sentem bem encaixadas e certamente sentem que estão pertencendo a alguma "tribo", grupo, segmento da sociedade. No entanto a parcela que se sente inadaptada não é pequena, embora só alguns realmente fiquem visíveis, como é o caso de muitos artistas, que escolhem a arte como forma de expressão e busca de aceitação para suas estranhezas.  Mas a verdade é que muitos dos que sentem não pertencer a lugar algum, sofrem com isso e não são recompensados com nenhum glamour.

No meu caso, não só a questão de ser transexual fez com que me sentisse uma estranha no ninho, mas colaborou bastante nesse sentido. Sei que muitos vão dizer que é besteira o que vou dizer, que sou uma mulher plena e tal (outros já acham que nunca serei uma... rs), mas a real mesmo é que não me sinto plenamente mulher no todo, embora tenha um corpo muito próximo do corpo de uma mulher, tenha uma vida feminina e uma mente feminina. Mas só isso não basta, falta o contexto de vida onde nunca fui inserida, não somos só o nosso presente,  somos o somatório de tudo, inclusive do nosso passado, que diz muito de como estamos hoje em dia. Sempre estive no limbo entre o masculino e o feminino. E a todo momento emocional, físico e de relacionamento, sempre tem uma situação por menor que seja que me lembra que esse limbo vai sempre existir. Começa pelo corpo; sei o que é ter um corpo plenamente masculino, mas não tenho o jeito de pensar dos homens, muita de suas atitudes e comportamentos me são estranhos. Já as mulheres, entendo a linha de raciocínio feminina, afinal sou mentalmente mulher, mas não entendo o corpo feminino, não sei como ele funciona. Tudo isso colabora para me coloca num limbo mental, não pertencendo completamente a nenhum dos lados. Talvez eu pense mais como um gay, mas sei que também não tenho uma cabeça de gay, muitos dos comportamentos e atitudes gays me são estranhos, do mesmo jeito que sinto em relação aos homens e às mulheres héteros.

Mas creio que talvez o que mais pese nessa minha inadaptação ao mundo seja a minha forma de pensar, que é diferente das mulheres no geral, diferente dos homens outro tanto e pior, diferente da maioria das(os) transexuais. E por mais que analise não creio que isso tenha ligação direta com nada do que vivi, embora em alguns aspectos tenha pesado. Mas o ponto crucial é  eu ter mesmo um jeito muito peculiar de ver a vida, os relacionamentos e as pessoas. E esse "não fazer parte de..." esteve presente desde minhas bases, na família que fui criada.

O que a maioria sonha em ter geralmente olho com tédio, o que poucos pensam em ter é importante para mim. O que muitos acham inaceitável, acho normal, o que muitos acham o certo, acho uma bobagem e por aí vai. Normalmente fico tentando me ver em situações que a maioria das pessoas dizem que é o máximo, super legal e por mais que me coloque ali, simplesmente não vejo graça alguma. Já em outras coisas banais que passam despercebidas para a maioria, ali está meu interesse. E aliado a isso tem um cansaço do desencaixe. Queria muito ver graça no que todo mundo acha interessante e divertido, queria dessa forma me inserir, pertencer a alguma tribo, mas por mais que tente é só frustração. 

Então de uns tempos para cá eu tenho chegado a conclusão serena que sou alguém que nasceu para caminhar em carreira solo mesmo. Sinto falta das pessoas, mas ao mesmo tempo elas me cansam muito. É estranho demais, tem momentos que busco a companhia dos outros, para logo em seguida buscar a solidão. É como se estar em contato com os outros me mostrasse o quanto não pertenço a lugar algum, daí eu retorno para mim mesma. 

Daí devem estar pensando que sou uma louca atormentada por todos esses pensamentos desencontrados. Mas a verdade é que não sofro tanto no meu íntimo atualmente, sofro só quando quero estar inserida e não consigo. Mas quando estou só comigo mesma, parece que isso é suficiente. Não que me baste, mas é que depois de tanto tentar buscar um grupo e não se sentir pertencendo a nenhum, a gente se  acostuma a viver só de uma forma que muita gente não consegue imaginar. A gente aprende a não sentir falta.

Sei que algumas pessoas não gostam quando faço posts desse tipo, onde exponho minhas feridas, até porque quando a gente expõe, volta e meia aparece um para cutucar... rs. Mas é que tanto aqui quanto na minha vida cotidiana as pessoas tendem, pela minha história de vida, a me ver como uma pessoa altamente bem resolvida, mas na verdade nada vem fácil, o movimento de todos nós é o de tentar aceitar o que não podemos mudar, sempre e sempre. E definitivamente até hoje não conheci alguém que fosse totalmente bem resolvido, acho isso uma grande fantasia, uma ilusão total. Todos temos nossas neuras e dificuldades e não vejo problema nenhum em assumi-las. É isso que nos torna verdadeiros e humanos.